sexta-feira, 20 de outubro de 2017

"Te levo comigo não importa aonde for
E quando eu não viajar
Só vou cuidar de você e do fruto do nosso amor..."
– Sensação (1Kilo)




♂♀♂♀

Dez minutos.
Ouço o gemido doloroso de Hayley e meu corpo inteiro fica gelado, quando ela abre os olhos e respira fundo eu aperto o cronômetro e os números começam a rodar novamente.

— Quanto? — ela pergunta ofegante e eu coloco a alça da gigante bolsa de bebê no ombro. Dentro da bolsa há muitas roupinhas, fraldas e mantas para Declan e Oline, por incrível que pareça a bolsa pesa.
— 10 minutos, acho que devemos ir agora — falei e sequei uma gota de suor que escorria pela minha bochecha. Peguei uma mochila azul que tinha roupas para Hayley e a coloquei no meu outro ombro.
— Droga, droga, droga! — ela soltou um gritinho sofrido e agarrou a minha mão, deixei que ela a esmagasse e não reclamei, pois sabia que a dor que ela estava sentindo era muito mais forte do que a dor que estava me causando. Parei o cronômetro marcando 7 minutos.
— Nós definitivamente precisamos ir agora, ou teremos nossos bebês no carro — falei nervoso e ela assentiu, ainda de olhos fechados e respirando fundo.

Quando acomodei Hayley no banco de passageiro e me sentei atrás do volante eu conectei o telefone no viva-voz do carro e liguei para James, ele já estava saindo de casa junto com Anne.

— Aonde vocês estão? Estamos entrando no carro agora — disse James e ouvi a porta do carro batendo. Dei a ré no carro e saí da garagem.
— Meu Deus, Ley — murmurei quando ela agarrou a minha mão novamente e apertou forte demais para uma mulher tão pequena. — James, estamos quase no hospital! — falei em meio a um ganido de dor.
— Encontramos vocês na entrada, irmão — disse James e desligou em seguida.

James e Anne estavam há semanas a postos para qualquer sinal do nascimento dos bebês, mas os pais de Hayley voltaram para casa há dois dias, eles acharam que não corriam perigo dos bebês nasceram antes do tempo e tiveram o azar de Declan e Oline quererem vir ao mundo duas semanas antes do previsto. Meus pais, por sua vez, não correram o risco, embarcaram hoje à tarde para vir passar uma semana conosco, eles devem chegar pela manhã e, espero, que Declan e Oline já tenham nascido até lá.
Parei o carro na porta de entrada do hospital bem na hora que Hayley se recuperava de mais uma forte contração, James estava parado na porta e correu até o carro quando eu abri a porta e saí.

— Estaciona pra mim? — perguntei aflito, ele assentiu e se sentou no banco que eu acabara de sair.

Abri a porta de trás e peguei as bolsas, em seguida corri até Hayley e a ajudei a sair do carro. Anne e um enfermeiro empurraram uma cadeira de rodas até a gente e eu ajudei Hayley a se sentar, ela gritou mais uma vez e cravou as unhas em meu ombro, me ajoelhei em frente a ela e fechei os olhos para tentar esconder as lágrimas de dor que os encheram.

— Tudo bem, amor. Vai ficar tudo bem — sussurrei sentindo suas unhas grandes cortarem minha pele, Anne e o enfermeiro me olharam com piedade.
— Puta que o pariu — gritou Hayley. — Zayn, nunca mais teremos filhos, só quando homens puderem parir! — ela berrou e eu comecei a rir.
— Não precisamos pensar nisso, temos duas crianças para cuidar pelos próximos 50 anos, amor — murmurei e lhe dei um beijo demorado antes do enfermeiro começar a empurrar a cadeira.

O enfermeiro levou Hayley e me deixou para preencher a ficha dela, Anne escreveu tudo pra mim, pois minhas mãos tremiam demais para segurar a caneta. Logo James se juntou a nós e começou a fazer telefonemas para avisar a todos os principais, inclusive os pais deles, que entraram no carro na mesma hora para voltar para Londres.
Depois de terminar a ficha de Hayley, eu procurei uma enfermeira para me levar até a minha mulher e a encontrei já com a roupa de hospital e um tubo de gás anestésico. Assim que fechei a porta do quarto atrás de mim ela enfiou o tubo na boca e começou a aspirar enquanto fechava os olhos com força e gemia de dor, corri para o seu lado e ofereci a minha mão para que ela apertasse à vontade.
A enfermeira andava pelo quarto e falava conosco, mas nem Hayley e nem eu ouvíamos o que ela dizia, estávamos completamente absortos em nossas dores.
O acontecimento todo se passou como um borrão em minha mente, eu via a doutora Grier e os enfermeiros e eu sabia que eles falavam comigo e com Hayley, mas eu só tinha olhos para Hayley vermelha e suada, gritando de dor e chorando agarrada a mim. Nunca me senti tão incompetente em toda a minha vida, eu queria segurá-la e sentir a dor por ela, queria que ela apenas descansasse e não me olhasse daquele jeito tão sofrido, aquilo partia o meu coração.
Mas quando o primeiro soneto fino de um choro adentrou meu ouvidos, eu saí do transe e olhei ao redor confuso e muito, muito curioso. Hayley também ouvira e isso a fizera parar de gritar, ela agora também procurava de onde vinha o choro baixinho. 

— E seja bem-vindo ao mundo, Declan — disse a doutora Grier com um sorriso gigantesco e levantando o pequeno bebê todo sujo e com um choro baixinho saindo de seus lábios abertos, fiquei hipnotizado olhando-o.
— Declan — sussurrou Hayley, um sorriso maravilhado tomou seus lábios quando a doutora colocou o pequeno bebê do tamanho do meu antebraço em cima da barriga de Hayley e tanto eu quanto ela o seguramos.

Declan parou de chorar, seus olhinhos estavam fechados e ele se mexia com a cabecinha pequena em cima dos seios de Hayley, passei minha mão pelos cabelos ralos dele e senti as lágrimas umedecerem o meu rosto. Era o meu filho. Meu Deus, aquela pessoinha pequena e rosada era o meu filho. Seus cabelos eram loiros, como o de Hayley, e eu percebi na hora que ele era a cópia da minha esposa, desde os cabelos até o formato do nariz e dos lábios, ele era a versão masculina e recém-nascida dela. 
O meu amor por ele, que já era absurdo, aumentou mais ainda.
A enfermeira de antes trouxe uma manta branca e colocou em cima da Declan, então Hayley voltou a sentir contrações, ela gemeu e por reflexo eu tirei Declan de seu colo e o segurei em meus braços. Ele era tão pequeno, tão delicado, o medo de quebrá-lo me tomou e eu o segurei mais firme, com as minhas grandes mãos tomando suas costas inteira e sua bundinha pequena.
A doutora Grier voltou a gritar incentivos para Hayley e a enfermeira veio até mim para pegar Declan, eu não queria largá-lo, não queria dá-lo para ela, mas eu sabia que devia, então eu o fiz. Meus braços ficaram frios quando ela o tirou de mim, mas logo me recompus e ofereci a minha mão para Hayley, que agarrou com força e gritou alto em meio a uma contração aterradora.
Então, três minutos depois que Declan veio ao mundo, Oline nos presenteou com seu choro fino e alto, totalmente o oposto de Declan, que choramingava baixinho.
Novamente a doutora Grier colocou o pequeno bebê no colo de Hayley, que mesmo sem forças abraçou a filha e sorriu, abracei as minhas meninas e beijei a testa de Hayley.

— Foi incrível, você foi perfeita, amor — sussurrei em seu ouvido, coloquei minha mão delicadamente em Oline e Hayley respirou ofegante. — Agora você pode descansar, querida.
— Meus bebês — ela sussurrou e eu vi seus olhos azuis cheios de lágrimas, não me contive, lágrimas de orgulho e amor encheram os meus olhos.
— Eles são perfeitos — tranquilizei-a e ela abaixou a cabeça para beijar a cabecinha suja de placenta e sangue de Oline.

A enfermeira pegou Oline para limpá-la e então trouxe os dois para que Hayley os visse. Eram opostos, Oline tinha os cabelos espessos e negros, o nariz fino e os lábios delineados e cheios como os meus. Declan tinha os cabelos loiros e os traços de Hayley. Ambos já estavam bem enroladinhos nas mantas brancas e dormiam quando a enfermeira colocou os dois nos braços de Hayley, eu a ajudei a segurá-los e ficamos observando os nossos bebês, eram perfeitos, lindos.
Percebi os olhos de Hayley pesarem e a enfermeira achou melhor deixá-la descansar, peguei Oline nos braços e a enfermeira segurou Declan. Dei um selinho demorado nos lábios de Hayley e a pedi para dormir um pouco, muito relutante ela concordou e eu acompanhei a enfermeira para colocar a minha menininha no berço de vidro ao lado do irmão.
Ajeitei os dois lado a lado e arrumei as mantas, saquei o meu celular e tirei a primeira foto dos meus filhos, em seguida a enfermeira os levou para banhá-los e colocar as pulseirinhas com os nomes deles.



Depois de agradecer e me despedir da doutora Grier, eu me sentei ao lado de Hayley na cama e vigiei o seu sono, acariciei seus cabelos presos e sussurrei uma música calma para lhe trazer sonhos bons.
Depois de um tempo a enfermeira voltou com mais um enfermeiro para transferir Hayley para o quarto particular, eu fui dispensado e então fui dar as notícias para James e Anne. Ao chegar na sala de espera encontrei uma multidão. Então abri um gigantesco sorriso e recebi todas as congratulações de Harry, Liam, Louis, Niall, James, Anne, Jack — que me explicou que deixou o bar sob os cuidados de Jerry, um funcionário —, Ashley, Gemma e ainda os pais de James pelo o telefone.
Me sentei em uma das poltronas desconfortáveis e mostrei a foto dos meus filhos para todo mundo, foi uma comoção geral e eu me senti incrivelmente orgulhoso por ter ajudado a trazer esses dois lindos anjinhos ao mundo.



Acordei com barulho de vozes. Eu estava em uma cama um pouco mais confortável e o quarto particular era espaçoso e estava lotado de pessoas, alguém deve ter subornado os enfermeiros para permitirem a entrada de tanta gente.
Zayn estava deitado ao meu lado e seus dedos estavam entrelaçados aos meus, mas ele estava distraído em uma conversa com Harry. Apertei seus dedos e ele olhou imediatamente para mim.

— Amor! — ele falou docemente e se inclinou para me beijar.
— Oi, querido — sussurrei e sorri. — E os nossos bebês?
— Eles chegarão daqui a pouco. Você precisa vê-los, são lindos, Declan é a sua cara e Oline é a minha cópia — ele tagarelou empolgado e eu não contive uma risada.
— Ah, preciso vê-los — choraminguei e ele riu.
— Declan nasceu às 8:45 da noite, com 2,8 quilos e 45 centímetros. Oline nasceu às 8:48, com 2,6 quilos e 44 centímetros. São dois ratinhos, pequenininhos e perfeitos, amor. A Dra. Grier já disse que eles são perfeitamente saudáveis, apesar de pequeninos — contou Zayn e meus olhos marejaram. Ele me mostrou a primeira foto dos dois e mais uma que James tirou deles no berçário, são lindos.



— Ah, Deus. Preciso vê-los — choraminguei novamente e Zayn riu.

Zayn liberou a aproximação e eu então fui cumprimentada e parabenizada por todas as pessoas queridas que estavam ali no quarto. Depois de alguns minutos Zayn e James expulsaram todos, ficando apenas Zayn, James, Anne e eu no quarto. Respirei aliviada e bebi um gole de água que Zayn me deu.
Anne saiu do quarto para procurar a enfermeira que cuida de mim e pedi-la para trazer Declan e Oline para que eu os veja, enquanto isso fiquei admirando as fotos no celular de Zayn.
Não demorou para que Anne entrasse no quarto e mantivesse a porta aberta para que duas enfermeiras empurrassem dois berços de vidro com dois pequeninos bebês dentro, meu coração acelerou e eu não consegui esconder o imenso sorriso.
Zayn me ajudou a sentar na cama e a enfermeira Suzan, que cuidou de mim desde que cheguei ao hospital, se aproximou com um dos bebês nos braços, confesso que eu não sabia qual era, mas o segurei com todo o cuidado do mundo.

— Olá, querida. Se sente bem? — ela perguntou e me ajudou a ajeitar o bebê nos braços, Zayn se afastou um pouco mas ficou assistindo com os olhos marejados.
— Sim, até que sim — sussurrei, me concentrando nos traços delicados de Oline, a minha garotinha parecia muito com o pai, desde os cabelos negros até os lábios finos. Oline abriu os olhos e eu respirei fundo, não era a cópia perfeita de Zayn afinal, tinha os meus olhos azuis, ainda um pouco escurecidos mas ficariam azuis iguais aos meus.




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Por: Milinha Malik. Tecnologia do Blogger.

Um Amor Real

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