sexta-feira, 29 de maio de 2015

"Você me mostra as luzes que me impedem de endurecer
Você faz elas brilharem quando estou sozinha
E então eu digo pra mim mesma que vou ser forte
E vou poder dormir e sonhar quando elas se forem..."
— Lights (Ellie Golding)



— O beijo, foi por bem pouco, não é? — insistiu Lenna, eu revirei meus olhos.
— Cá entre nós, eu acho que no próximo fim de semana vocês saem dessa zona de amizade — intrometeu-se Gemma, Peter concordou com a cabeça, traidor.
— Gente, não aconteceu nada, nós apenas estávamos nos despedindo — irritei-me e entreguei minha passagem para a aeromoça.
— Sei, todos viram que despedida mais apaixonada foi a de vocês — disse Gem, em um tom irônico.
— Para! Que saco, esse assunto já deu, tudo bem? Vamos só entrar na droga do avião e voltar pra casa, okay? Podemos fazer isso? — esbravejei e saí andando na frente, deixando os três para trás.

Segui pelo corredor sozinha e, ao entrar na cabine da primeira classe, eu tive que consultar minha passagem para ver aonde iria sentar, por sorte seria na janela e logo atrás de Maura e Bob, ela sorriu ao me ver e me mandou um beijo no ar, retribuí o beijo e me acomodei em minha poltrona. Logo Lenna sentou-se ao meu lado e Peter e Gem sentaram-se atrás de nós.
Depois que o avião decolou eu coloquei meus fones de ouvido e assisti diversos filmes seguidos, só para não dar espaço para uma conversa entra Lenna e eu, porque eu a conhecia muito bem e sabia que ela ia retornar ao assunto anterior.
À noite, depois do terceiro filme, eu fui ao banheiro tomar banho e colocar uma roupa mais quente para dormir, quando retornei à poltrona meus fones haviam sumido e minha tevê estava desligada, Lenna me encarava de forma determinada e eu sabia que não haveria escapatória para mim a não ser conversar com ela.
Sentei-me em minha poltrona, cruzei as pernas e virei-me resignada de frente para Lenna, puxei meu cobertor super quente e me cobri emburrada, ela sorriu discretamente, contente por ter ganho a batalha.

— Ótimo, agora vamos conversar — ela disse amavelmente e segurou minhas mãos.
— Sobre o que quer conversar? — perguntei, fazendo-me de inocente.
— O que rolou naquela hora? Entre você e o Niall? Todos nós vimos, mas não entendemos o que estava acontecendo, em um minuto vocês estavam conversando e em outro estavam se encarando e ele te abraçou e a mulher do auto-falante os interrompeu e todo mundo ficou confuso quando ele apenas te abraçou — Lenna tagarelou e eu ri, mas um suspiro inconformado saltou da minha boca. — Você também ficou confusa, não é? — ela percebeu.
— Não, eu não fiquei confusa. Aquele apenas não era o momento certo, nem o lugar certo. Nós conversamos, nos despedimos e só, apenas isso — sussurrei distraída, meus pensamentos flutuando para algumas horas atrás, quando Niall e eu ainda estávamos juntos.
— Vocês ficaram tão perfeitos ali, um olhando pro outro, pareciam tão apaixonados, tão entregues. Eu jurei que naquele momento ambos iam cair na real — lamentou Lenna, revirei os olhos, mas acabei sorrindo. — Eu tirei uma foto — ela admitiu baixinho.
— Você o quê? — gritei surpresa, ela sorriu maliciosa. — O que você fez com essa foto? 
— Que pergunta, Ava! Eu a postei, claro! — falou Lenna, como se fosse óbvio a resposta.
— Você postou aonde? — perguntei apavorada, ela sorriu e mostrou-me o celular no aplicativo do Instagram.

A foto estava realmente linda, eu tive que admitir, mas eu fiquei furiosa quando vi a legenda:


Resultado de imagem para casal apaixonado se olhando
"Case-se com alguém te olhe da mesma forma que esses dois se olham..."

Eu não me importava de ter fotos com Niall, eu me importava de ter elas postadas em redes sociais, porque Niall é uma pessoa pública e eu sei como as fãs dos rapazes reagem em relação a namoradas ou supostas namoradas, eu não queria todo o ódio delas direcionado a mim.
Mas eu não pude evitar de ficar olhando aquela foto, de olhar para Niall, de notar o contorno de seu rosto, suas belas feições, seu sorriso contido e a forma como ele me olhava. Fiquei tão encantada pela foto que até esqueci de dar uma bronca em Lenna.

— Ava? — chamou-me pela terceira vez, só então consegui levantar meu olhar para enxergá-la. — Admita de uma vez, seus olhos estão brilhando tanto que parecem as jóias da minha mãe depois de um dia sendo polidas e você está com um sorriso idiota na cara faz quase 10 minutos.
— Eu... Não... Eu... É... — soltei um suspiro longo, Lenna sorriu largamente. — É, talvez, quem sabe, eu realmente o ame. Mas isso não faz diferença. Ele tem muitas a quem amar, não poderia amar a mim também.
— É claro que poderia. E ama! — gritou Lenna.
— Sim, ele ama — concordou Maura, ela levantou-se e olhou para nós, eu fiquei petrificada. — Ele ama você, Ava. Vocês dois são apenas cegos e orgulhosos demais para perceber que se amam — ela continuou a falar, Bob ergueu a mão, para que pudéssemos ver, e seu polegar estava erguido, concordando com o que Maura disse.
— Tudo bem, eu estou um pouco envergonhada agora, talvez muito... — murmurei, meu rosto estava queimando e Lenna segurava o riso ao meu lado.
— Não fique, querida. É apenas a verdade, eu quero que meu filho seja feliz e, talvez, seja você quem vai fazê-lo feliz — disse Maura, eu assenti levemente com a cabeça, indicando que entendi, ela sorriu e voltou a se sentar.

Fechei meus olhos e deitei-me na poltrona, senti os olhos de Lenna me observarem atentamente e isso me deu nos nervos, estiquei a mão para ela e pedi:

— Meus fones, por favor, preciso de um pouco de paz agora.


♫♫♫

O avião pousou em Londres às 1 da manhã, como não tive tempo de me acostumar ao fuso-horário da Austrália, eu estava morrendo de sono, tanto que nem troquei o pijama antes de descer do avião, vesti minhas pantufas do Bob Esponja, coloquei uma touca e óculos escuros e desembarcamos.
Peter e eu nos despedimos de todos e pegamos um táxi até o apartamento que dividimos, nem ao menos colocamos o pé dentro de casa e eu já me joguei no sofá, Peter riu e jogou as mochilas no canto, então aproximou-se e puxou o sofá — comigo em cima — até abri-lo e transformá-lo em uma cama. Ele sumiu no corredor e reapareceu minutos depois com alguns cobertores e travesseiros, ele jogou uma coberta em cima de mim e foi ligar o aquecedor, depois voltou e jogou-se ao meu lado no sofá, onde ambos apagamos até às 7 e meia da manhã, quando o despertador de nossos celulares tocaram.

— Hum... Vamos lá, Ava, temos que trabalhar — murmurou Peter sonolento.
— Uhum, claro... — resmunguei e puxei o cobertor para cobrir minha cabeça, ele riu e puxou o cobertor, revoltada eu o puxei de volta e nós começamos um cabo de guerra matinal.
— Tudo bem, chega — ele disse por fim, gargalhando feito hiena.
— Claro, chega. Vá se arrumar, eu vou depois — murmurei coçando os olhos, ele assentiu.

Enquanto Peter estava no banheiro se arrumando, eu dobrei os cobertores e arrumei a sala, preparei um café e chá preto rapidinho e corri para o banheiro quando ele enfim saiu de lá, me arrumei o mais rápido que pude e ainda consegui tomar uma xícara de chá antes que Peter anunciasse que estava na hora de sairmos.
A pé nós seguimos pela Birdcage Walk, cinco minutos andando foi o suficiente para que víssemos o letreiro da Starbucks.
Um dos funcionários ainda estava abrindo as portas quando chegamos, Peter o apresentou como Chauncey, ele sorriu de forma encantadora e nos deixou entrar. Peter me apresentou aos outros funcionários — Leil, Karen, Paige e Bob — e então me levou até o escritório do gerente, seu irmão Charlie.
Peter bateu na porta três vezes e a voz grossa de Charlie nos mandou entrar, Peter segurou firme minha mão antes de entrarmos.

— Ei, minha nova garota chegou — disse Charlie ao me ver atrás de Pete.
— Ela não é a sua garota, Charlie — reclamou Peter.
— Tá, que seja. Vá trabalhar, Peter, seu turno começa em cinco minutos, deixe que eu cuido da Ava — ordenou Charlie autoritário.



Peter meio sorriu e meio desdenhou do irmão, mas me deu um beijo na testa e saiu da sala.
Charlie deu um sorrisinho vitorioso e andou pela sala distraidamente, ao chegar perto da poltrona em frente sua mesa, ele a indicou com a mão para que eu me senta-se, obedeci meio desconfortável.

— Avanna Payne, irmã do famoso Liam Payne... — encarei-o estupefata e ele sorriu. — Sim, querida, andei pesquisando sobre você, mas não se preocupe, isso não vai alterar nada no seu trabalho. Eu preciso dos seus documentos, você trouxe? — ele perguntou ao sentar-se do outro lado da mesa, de frente para mim.
— Sim, eu... Trouxe sim — murmurei abrindo minha bolsinha e pegando meus documentos lá dentro, senti seu olhar atento em mim enquanto eu procurava as coisas. — Aqui está — falei ao entregá-lo os papéis, ele sorriu.
— Obrigado, Ava — ele disse, sua voz soando grave e muito obstinada ao dizer meu nome.

Observei Charlie enquanto ele conferia meus documentos, escrevia algo em uma caderneta e também no computador, ele conferiu todos os documentos e assinou a minha carteira, enquanto isso eu estudei seus belos traços. Ele é muito bonito, assim como o irmão, tem a boca fina e bem delineada, a pele clara e rosada, e a barba por fazer dá-lhe uma aparência mais sensual ainda.

— Então, está tudo certo — ele disse de repente, assustando-me, ele riu ao perceber que eu o observava. — Apreciando a paisagem, srta. Payne?
— Não, eu... Hum... O que eu preciso fazer mesmo? — mudei de assunto rapidamente, ele sorriu de novo.
— Eu vou te explicar tudo direitinho, doçura, mas não vamos nos apressar — ele disse, todo sorridente e convencido. — Primeiro você precisa saber que iremos dividir essa sala. O seu trabalho será basicamente organizar as fichas dos funcionários, fazer a contabilidade de cada turno e me auxiliar, sempre!
— Entendi. Tudo bem — concordei com a cabeça, ele calou-se tempo o suficiente para me constranger com seu olhar abrasador.
— Seria bom você sempre ter uma agenda a mão, para anotar tudo e ficar sempre atenta, eu recomendo — ele disse e levantou a agenda dele para me mostrar, eu assenti novamente.

Charlie ficou quieto novamente, seu olhar vagou por todo lugar e pousou na mesa aonde meu braço estava apoiado, ele olhou fixamente para a tatuagem no meu antebraço.



— O que significa? — ele perguntou.
— Ah, é um trevo de quatro folhas, ele simboliza sorte, mas na verdade eu fiz essa tatuagem com um amigo — tagarelei, mas me calei ao perceber que estava falando demais.
— Continue, me conte a história dessa sua tattoo — disse Charlie, parecendo realmente interessado.
— Ele é irlandês, o trevo é mais ou menos um símbolo da cidade natal dele e o pássaro simboliza a nossa liberdade, então nós dois fizemos elas exatamente iguais, meio que somos ligados por essas tatuagens — murmurei admirando a tatuagem que Niall e eu temos exatamente no mesmo lugar.
— Vocês são muito apegados? — perguntou Charlie, sua voz soou distante enquanto eu admirava a tatuagem pensativa.
— Eu o amo — murmurei sem pensar, mas repreendi-me ao perceber o que eu acabara de dizer, Charlie arregalou os olhos ao compreender minhas palavras.
— O ama? — ele perguntou incrédulo.
— Eu... Bom... Eu não devia ter falado isso... Somos apenas amigos — murmurei rapidamente, ficando vermelha de vergonha.
— Ele é um baita sortudo — falou Charlie, eu fiquei mais vermelha ainda. — Tudo bem. Vamos ao trabalho, não quero constrangê-la mais ainda — Charlie sorriu e, pela primeira vez, me senti confortável em sua presença.


♫♫♫

O turno da manhã seguiu-se tranquilo, Charlie me ajudou a pegar o ritmo do trabalho, me explicou como fazer as planilhas e a contabilidade dos turnos e me pediu quatro cafés expressos, ainda me pergunto como ele não fica super elétrico e plugado com tanta cafeína.
No intervalo de almoço, Peter e eu corremos até o Subway ao lado e comemos um sanduíche em menos de 10 minutos, então voltamos correndo, até porque estávamos encarregados de levar um sanduíche para Charlie, Chauncey, Bob e Paige também, Leil e Karen haviam levado o próprio almoço.
Enquanto Charlie almoçava eu fiz a contabilidade do turno da manhã e abri uma nova planilha para o turno da tarde.
Por volta das 3 da tarde Charlie me deu um tempo para refrescar a mente, já que eu tinha terminado de revisar todas as fichas de funcionários e não havia mais nada pra fazer, então fui ver o movimento da loja, Peter me serviu um cappuccino e eu fiquei conversando com Chauncey enquanto ele servia cafés de todos os tipos para os clientes.
Nos trinta minutos que fiquei lá, dois rapazes desconhecidos pagaram cappuccinos para mim, mas eu recusei, pois já havia bebido três copos desde que começara a trabalhar naquela manhã e já estava sentindo a cafeína fazer efeito.
Às 3 e meia retornei para o escritório levando mais café e biscoitos para Charlie, ele agradeceu, mas não desviou o olhar do computador, estava bem ocupado.
Às 4, eu estava organizando o quase bagunçado escritório, enquanto Charlie trabalhava no computador, meu celular começou a tocar, olhei para Charlie e ele assentiu, dando-me permissão para atender. Deixei o escritório e atendi a ligação de um número desconhecido.

— Alô? — murmurei descendo as escadas e seguindo até a loja, no andar de baixo.
— Ava, oi. Sou eu — disse a voz de Niall, eu estranhei.
— Por que o número desconhecido? — perguntei intrigada.
— Perdi meu celular, esse é o meu novo número agora — Niall contou e riu.
— Meu Deus, você troca de celular como quem troca de roupa — falei e ri.
— Pois é. Eu e minha cabeça de vento.
— Como anda por aí? — perguntei.
— Chato. Estou no hotel e os rapazes estão dormindo. Eu sinto sua falta — disse Niall, sua voz suave e afável, meu coração deu um salto mortal dentro do peito.
— Eu também sinto a sua, Nialler. Mas falta só alguns dias para nos vermos... — murmurei e olhei em volta, Peter estava me olhando do balcão enquanto fazia um frappuccino para uma cliente.
— Esses dias parecem intermináveis — lamentou Niall.

Eu fiquei em silêncio, apenas saboreando o quão apaixonado ele soou, segurei com força o celular e suspirei, acho que ele ouviu.

— Você está no trabalho, não é? — ele perguntou.
— Sim, estou, vou sair daqui a uma hora — murmurei olhando no meu relógio de pulso.
— Ah, então não vou mais tomar o seu tempo, te ligo à noite, depois do show — disse Niall.
— Tudo bem, mande um beijo pros rapazes e tenham um bom show.
— Obrigado, Almighty. Beijo.

Às cinco em ponto Charlie me liberou, recolhi minhas coisas, acenei para ele e deixei o escritório. Desci até a loja e os funcionários do turno da noite/madrugada estavam chegando. Peter já havia batido o cartão e estava me esperando para irmos embora, mas junto dele estavam também Lenna e Gemma.

— Nossa amiga assalariada, aí está você — brincou Gemma ao me abraçar.
— Vai pagar altas doses pra gente, não é? Agora que está trabalhando e ganhando dinheiro e tal — disse Lenna, eu ri e dei um tapa nas duas.
— Nada disso, chega de doses pra mim, pelo menos por enquanto — falei divertida.

Seguimos os quatro até o apartamento que divido com Peter, lá nós preparamos algumas besteiras para comer e assistimos filmes até de madrugada. 
Esperei até as 2 da manhã, mas Niall não me ligou como prometera, e eu não o culpei, pois sei como ele fica cansado após cada show.
Acabei dormindo no sofá-cama na sala com as meninas e Peter dormiu no quarto dele. Nós dormimos todas espremidas, mas ninguém teve coragem de se levantar e ir para o meu quarto.
Acordei uma hora antes de me arrumar, as meninas continuaram ressonando baixinho e eu fui pro meu quarto, separei minha roupa e deixei tudo arrumado, então joguei-me na cama e peguei meu notebook dentro da mesinha de cabeceira.
Ao conectar a minha conta no twitter a primeira coisa que vi foi algumas directioners comentando sobre algum ocorrido em Sydney, na Austrália, aonde os meninos fizeram o show na noite passada.
Olhei os assuntos mundiais, mas não encontrei nada que me chamasse a atenção, então digitei nas buscas '1D'.
A primeira coisa que vi foi uma foto recente do Niall na área de lazer do hotel em que estão hospedados e ele estava acompanhado de uma garota, na foto eles apareciam de mãos dadas. 





segunda-feira, 25 de maio de 2015

"Bastou um olhar e agora nós não somos mais os mesmos
Sim, você disse 'ei' e desde aquele dia
Você roubou meu coração e você é o único culpado..."
— Smile (Avril Lavigne)



Eu pude ouvir o barulho dos pássaros lá fora e a movimentação no corredor, mas estava com preguiça demais para levantar ou simplesmente abrir os olhos, então espreguicei-me e toquei algo quente e grande, o susto foi tão grande que imediatamente abri os olhos e vi um Niall sonolento ao meu lado, ele resmungou alguma coisa e voltou a cochilar.
Me sentei de pernas cruzadas na cama e encarei-o confusa, busquei no fundo da minha caixa de lembranças para tentar saber em que momento ele veio aparecer na minha cama.
Respirei fundo e, em um surto de sanidade, me joguei em cima dele, por ele estar de costas eu o abracei e repousei minha cabeça na altura de seus ombros, ele suspirou e pude sentir, mais do que ver, ele sorrindo.

— O que faz aqui? — murmurei baixinho.
— Fiquei com saudades, vim te ver e acabei cochilando ao seu lado — respondeu ele no mesmo tom.
— Você me deu um susto — sussurrei e beijei seu ombro coberto pela regata.
— Desculpa... — ele murmurou sonolento e tive a impressão de vê-lo cochilar novamente, tudo ficou tão quieto e eu estava deitada em cima das costas dele, abraçando-o apertado, sentindo seu corpo quente sob o meu, sua respiração ficou leve e meus pensamentos se embaralharam, pois a proximidade estava me deixando tensa.
— Ai, Deus... — resmunguei e me levantei, rapidamente saindo de perto dele.
— O que foi? Tava tão bom — ele murmurou e levantou a cabeça, me procurando.
— Eu vou... Hum.. Vou tomar um banho — gaguejei olhando em volta do quarto, procurando alguma escapatória, Niall apoiou-se no cotovelo para poder me olhar direito.
— Volta pra cama, ainda está cedo — convidou-me ele, foi tentador, briguei internamente comigo mesma até tomar a decisão sensata.
— Não, é melhor eu ir me arrumar, você sabe como eu demoro — falei já pegando minha mochila e procurando a entrada para o banheiro.
— Okay, então... — ele concordou me seguindo com os olhos.



— Até mais... — murmurei e tranquei-me no banheiro, assim que me vi sozinha eu respirei fundo e cobri meu rosto com as mãos, senti vergonha de mim mesma por quase ter deixado minhas emoções me dominarem.

Tomei o banho mais demorado da minha vida, vesti-me lentamente e maquiei-me mais lentamente ainda, quando saí do banheiro Niall ainda estava deitado na cama, mas estava acordado e mexendo no celular.

— Liam ligou, pediu para levá-la ao restaurante do hotel, todos já estão nos esperando — Niall disse de repente, assustando-me.
— Ah, claro. Você já... Já tomou banho?! — Perguntei surpresa, ele sorriu e assentiu.
— Você demorou séculos ali dentro — ele sorriu melancólico e levantou da cama. — Em compensação está linda, e eu adorei a sua camiseta — ele guardou o celular no bolso e pendurou os óculos escuros na gola da camisa.
— Obrigada, você também está lindo, adorei seu suéter — falei docemente aproximando-me dele e segurando os dois lados de seu casaco, ele sorriu e beijou minha testa.
— Vamos lá, Almighty, precisamos encontrar o pessoal.

Niall segurou minha mão e puxou-me para fora do quarto, segurei firme a alça da minha bolsa com a outra mão e segui tropeçando atrás dele até o elevador.
Ao chegar no saguão-restaurante, Niall e eu paramos na entrada e olhamos em volta, a procura do pessoal. Niall os avistou e logo nos sentamos à mesa junto de Harry, Liam, Louis, Zayn, Maura, Bob, Lenna, Gemma, Greg, Denise, Theo e até mesmo Peter, que sorriu largamente ao me dar bom dia.

— Dormiu bem, maninha? — perguntou Liam.
— Sim, muito bem, obrigada — respondi e sorri para ele.
— E por que o Irlandês não estava em seu respectivo quarto hoje de manhã? — perguntou Louis em um tom malicioso, minhas bochechas coraram quando todos viraram as cabeças em nossa direção.
— Eu... Hum... Acordei cedo e fui dar uma corrida — gaguejou Niall.
— Ah é? E pode me explicar como conseguiu passar pela multidão de directioners na entrada do hotel? Porque algumas madrugaram ali e a maioria retornou às 6 da manhã — falou Harry, erguendo as sobrancelhas e dando um gole em seu suco de laranja.
— Eu... Bom... Ãh... — titubeou Niall, sem conseguir uma desculpa melhor.
— Ele foi me ver pela manhã — murmurei servindo-me de um pãozinho e desviando meu olhar de todos os 11 pares que nos encaravam, Theo era o único mais preocupado em comer do que me constranger.
— Por quê? — guinchou Liam surpreso.
— Porque eu estava com saudade, não nos falamos direito depois do show e eu acordei cedo, então decidi ir vê-la — explicou Niall, eu vi um sorrisinho brotar nos lábios de Maura.
— Não gosto desse lance de você ir parar no quarto da minha irmã no meio da madrugada — resmungou Liam, eu revirei os olhos e Louis e Zayn riram.
— Eu gostaria de poder dizer que isso não irá mais se repetir, mas eu não posso garantir nada — murmurou Niall, Liam bufou indignado e voltou a se concentrar no seu café da manhã, logo todos fizeram o mesmo e Niall olhou-me de rabo de olho, seu sorriso era discreto, mas visível.

Depois de cinco minutos em um silêncio agonizante, os rapazes começaram a conversar entre si, a fim de aliviar o clima tenso que nos rodeava, logo todos já estavam rindo e conversando normalmente, e o Theo se divertia em fazer bolinhas com o o miolo do pão que era para ele estar comendo.

— Sabe — Zayn falou de repente —, aproveitando que estamos todos junto, eu acho que poderíamos resolver logo o assunto 'B'.
— E o que seria o assunto 'B'? — perguntou Lenna.
— Um baile beneficente para o qual fomos convidados  — explicou Liam, Lenna assentiu e mordeu sua pera. — É de uma ONG criada para ajudar crianças carentes no mundo e nós realmente nos interessamos em participar.
— Traduzindo: Um baile ao qual teremos que levar a carteira e os cartões de crédito — brincou Louis.
— Aonde será? — perguntei rindo.
— Japão, nossa próxima parada na semana que vem — disse Harry.
— O baile será no fim de semana e queremos levar acompanhantes — disse Niall, erguendo uma sobrancelha para mim, como uma indireta. — Será no próximo Sábado.
— Sophia já me dispensou, disse que tem sessão de fotos no Sábado e no Domingo, então não tenho acompanhante — adiantou-se Liam.
— Isso significa que terei que ir com você? — perguntei indiferente, Liam riu. 
— Não, posso convidar outra pessoa, se você quiser.
— Ótimo, faça isso — adiantou-se Niall. — Que acha de ir comigo, querida? — perguntou a mim, arregalei meus olhos para ele e balancei a cabeça sutilmente, aceitando seu pedido, olhei para Peter, que estava ao meu lado, e ele sorriu, contente por alguma coisa.
— Gem, pode me acompanhar? — Harry perguntou a irmã, ela balançou a cabeça distraidamente.
— Louis e Zayn vão com suas respectivas namoradas? — Maura perguntou, ambos assentiram e Louis sorriu, mas Zayn franziu a testa, ele nunca está contente em ser acompanhado por Perrie, nem eu ficaria se fosse obrigada e fazer tal coisa.
— Só resta a mim encontrar uma parceira. Lenna, que acha de ir comigo? — Liam perguntou, Len ficou vermelha rapidamente e de repente sua xícara de chá pareceu muito mais interessante que a conversa.
— Sim, claro, vai ser ótimo — ela disse sem olhar para Liam, apenas para a xícara.
— Então está tudo resolvido, na próxima sexta vocês viajam para o Japão, nós combinaremos tudo ao longo da semana — disse Harry.
— Eu trabalho na sexta — murmurei timidamente, todos me encararam surpresos, menos Peter, que esboçou um sorrisinho orgulhoso. — Até às 5 da tarde.
— Aonde você trabalha? — guinchou Liam.
— No Starbucks da Birdcage Walk, começo amanhã pra falar a verdade, das 9 às 5 — expliquei rapidamente.
— Vai servir cafezinho, moça? — brincou Niall, cutucando minha barriga.
— Ela será a assistente do gerente — Peter respondeu por mim.
— Nossa, minha irmã está crescendo, isso é tão incrível — balbuciou Liam, com um sorriso gigantesco nos lábios.
— Ótimo, vamos mudar de assunto? — perguntei impaciente, olhei no visor do meu celular e bufei. — Já passa das 8 da manhã, vamos conhecer a cidade logo? Ou não conseguiremos já que vamos embora 1 hora.
— Ela tem razão, vamos sair logo desse hotel e ir conhecer Sydney — disse Harry, já levantando-se da cadeira.

Na porta dos fundos do hotel já havia uma grande Van branca a nossa espera, um dos seguranças abriu a porta de correr da Van, revelando um interior todo acolchoado e, razoavelmente, espaçoso. Nos acomodamos todos lá dentro, por sorte Maura e Bob decidiram não vir conosco, ou não caberíamos todos dentro da Van.
Pedi para Denise deixar-me levar Theo no colo, o que ela aceitou imediatamente, sentei com Theo em meu colo e Niall, que estava sentado ao meu lado, pegou a mãozinha do sobrinho e a beijou.

— Isso aí, Theo, vamos passear — falou Niall em um tom animado, Theo riu.
— Tio, Tio, Tio — empolgou-se Theo, apontando pela janela as diversas pessoas na frente do hotel, Niall sorriu.
— Sim, Theo, são as nossas garotas, vê? Elas são as nossas garotas, acene para elas — disse Niall e Theo balançou a mãozinha, acenando para as fãs, mesmo a janela sendo escura demais para que elas pudessem ver.
— Oi, Olá, Oi — falou Theo, com a vozinha mais fofa do mundo, todos pararam de conversar para ouvi-lo, e eu quase vomitei arco-íris de tão adorável.

Quando olhei em volta, vi que Greg estava filmando-nos, a Theo, Niall e eu. Tentei me esconder atrás do Theo, mas ele ainda não era grande o suficiente, a única alternativa era aparecer no vídeo.
Mais tarde, quando estávamos saindo da Van, entreguei o Theo à Denise e peguei meu celular. Niall passou o braço pelos meus ombros e foi me guiando atrás do pessoal, paramos algumas vezes para que eles tirassem fotos e enquanto isso eu procurei pelo Twitter e Instagram do Greg, encontrei o vídeo no Instagram com a legenda: "Não é que daria uma bela família?! Se o Theo não fosse o meu filho, é claro!", eu fiquei boquiaberta, e quando Niall retornou para o meu lado, ele tocou levemente meu queixo e fechou minha boca.

— O que há, Almighty? — perguntou divertido. Mostrei a legenda a ele, que simplesmente riu. — Não é que ele tem razão?
— Niall! — repreendi-o. — O que suas fãs vão achar disso?
— Que nós daríamos uma bela família, ué.

Ignorei-o e apressei o passo para alcançar os outros, só parei ao chegar ao lado de Peter, entrelacei meu braço no dele e seguimos juntos ao lado de Harry e Lenna até a entrada do Aquário de Sydney, um dos pontos turísticos mais famosos. A nossa sorte é que a maioria das pessoas eram crianças barulhentas e seus pais, mas de vez em quando apareciam fãs pedindo foto aos rapazes e nós tínhamos que interromper o nosso passeio para que eles lhe dessem atenção, isso nos atrasou um pouco.
Quando paramos para tomar alguma coisa foi que percebemos que passava de meio dia, então foi uma correria e tanto para voltarmos ao hotel, recolhermos nossas coisas e seguirmos para o aeroporto. Chegamos no aeroporto exatamente às 13:27. 27 minutos atrasados.
Como na vinda à Austrália, Maura, Bob, Lenna, Gemma, Denise, Theo, Greg, Peter e eu viajaríamos de primeira classe, o que nos deu certa vantagem.
Às 13:45 já estávamos todos em frente ao portão de embarque, inclusive os rapazes estavam conosco para se despedirem. Harry foi o primeiro a tomar a iniciativa e abraçou a irmã, Gemma fez uma careta ao ser esmagada pelos braços grandes de Harry e logo todos estavam se abraçando e se despedindo, Liam veio ao meu encontro e me abraçou forte.

— Vou sentir sua falta, Ava — ele cochichou em meu ouvido.
— Só uma semana, maninho, vai passar voando, não se preocupe — murmurei e dei-lhe um beijo na bochecha, ele sorriu e se afastou para se despedir dos outros e deixar eu me despedir também.

Zayn e Louis foram os próximos, ambos me abraçaram de forma que minha cabeça ficou entre as deles e eu passei meus braços ao redor do pescoço dos dois e dei um beijo em cada bochecha que estava ao meu alcance.

— Até semana que vem, rapazes — falei ao me afastar deles.
— Vista algo bonito... — disse Zayn.
— E muito chique — complementou Louis, me fazendo rir.
— Pode deixar, tenho certeza que o Liam cuidará disso — concordei.

Harry nem esperou que eu terminasse de falar com os dois, puxou-me logo para um abraço sufocante e me encheu de ordens.

— Não se atrase no sábado, queremos você aqui e sem seu acompanhante atual, por favor, você será toda nossa no próximo fim de semana. Quero você inteira aqui, entendeu? — falou autoritário.
— Pode deixar, senhor Styles, estarei aqui e sozinha  — concordei rindo.
— Até mais, amor, sentiremos sua falta — ele disse por fim mais amável.
— E eu a de vocês, acredite! — murmurei e o beijei na bochecha, ele sorriu e me beijou a testa antes de me soltar.

Olhei em voltei e procurei alguém que eu ainda não tivesse me despedido, todos que iam viajar já estavam colocando as mochilas nas costas e se preparando para entrar na sala de embarque, e todos que iam ficar estavam parados lado a lado, acenando para os outros, menos um, esse me olhava atentamente, como se esperasse por algo. Ele estava esperando a sua vez de se despedir de mim. Fiquei estática, esperando por Niall, ele se aproximou lentamente com seus olhos azuis fixos em mim.

— Sabe, eu acho que você deveria ficar — ele disse a medida que ia se aproximando mais.
— Eu começo a trabalhar amanhã — respondi. Falta dez passos.
— Você não precisa trabalhar — sete passos.
— Preciso sim, é a minha vida agora — cinco passos.
— Não precisa, não — dois passos.
— Por que não? — e...

Niall não me respondeu, faltando um passo para colar em mim, ele parou e olhou para mim, tive que levantar a cabeça para poder nivelar nossos olhares. E eu senti que qualquer movimento brusco poderia quebrar aquela sintonia mágica que emanava de nossos olhos, então eu fiquei estática, apenas navegando, afundando no lindo azul de seus olhos.
Sutilmente Niall tocou minha cintura, seus dedos afundaram em minha pele por baixo da camiseta branca da banda 5 Seconds Of Summer — os integrantes são amigos dos rapazes — e eu senti um arrepio delicioso passar pelo meu corpo, Niall também sentiu e sorriu para mim, um sorriso orgulhoso e satisfeito.
E ele fez o movimento brusco, ele enlaçou minha cintura de forma tão rápida e bruta que meu corpo colou ao dele tão rápido quanto o arrepio que perpassou o meu corpo, eu estava em seus braços, eu estava entregue ao seu encanto e eu estava pronta para ele. Mas a voz no auto-falante nos fez acordar, "Ultima chamada para o voo 7589 com destino à Londres.", Niall então sorriu, um sorriso triste, e me abraçou. Eu passei meus braços ao redor do pescoço dele e escondi meu rosto em seu pescoço, logo senti meus pés flutuarem e Niall estava me levantando e girando no meio do aeroporto, uma gargalhada saltou da minha boca e ele também riu, de modo que seu peito reverberou junto com o meu e isso tornou mais dolorosa a nossa separação.



Quando os cinco minutos se esgotaram parecia que havia passado-se 15 segundos, Niall colocou-me no chão e eu tive que partir.
Olhei para trás algumas vezes para acenar para os rapazes, que aparentavam estar surpresos, Zayn chegou a dar tapinhas no ombro de Niall, mas sua feição era como se estivesse desejando-lhe condolências.

— Bem, foi por pouco — falou Lenna, fazendo-me acordar do meu devaneio.
— Ah, o quê? — fiz me de desentendida e corremos para alcançar Peter e Gemma.
— O beijo, foi por bem pouco, não é? — insistiu Lenna, eu revirei meus olhos.






quinta-feira, 21 de maio de 2015

"Cantei uma canção de ninar
Na beira d'água e soube
Que se você estivesse aqui
Eu teria cantado para você..."
— All Of The Stars (Ed Sheeran)



— Só grandes amigos? Pelo o que me contou eu percebi que você é apaixonada por ele, e ele por você — falou Peter, eu bebi um longo gole de vinho e esvaziei minha taça.
— Eu o amo, de verdade. Mas ele é só meu amigo — sussurrei. — Agora vamos mudar de assunto, por favor — falei jogando meus talheres e guardanapos dentro do prato vazio, Peter assentiu pensativo.

A aeromoça retornou para recolher nossos pratos vazios e nos entregou a garrafa de vinho, a pedido de Peter, então nós assistimos a outros três filmes até o anoitecer — Maze Runner - Correr ou Morrer, Amor Sem Fim e Noivos Por Acaso.
Nós jantamos às 8 da noite e tomamos um chá de desjejum antes das 10, e na hora de dormir a cabine estava escura, clareada apenas por algumas luzes de cada poltrona. As poltronas que viravam camas eram super confortáveis e eu dormi no meio de um episódio da série Friends.


♫♫♫

Pela manhã uma música suave e terna tocou para acordar os passageiros, não passava de 7 da manhã e nós teríamos 1 hora até pousar. Aproveitei esse tempo para tomar um banho e vestir algo mais fresco para usar no show, pois o tempo de Sydney não é tão frio quanto Londres e assim eu já economizaria tempo e não precisaria demorar no hotel, já que temos menos de uma hora para ir pro Allianz Estádio. O banheiro da primeira classe era super luxuoso, espaçoso e muito bonito, eu fiquei realmente espantada com tanto luxo.
Para nós ainda era 8 horas da manhã, mas para os australianos já era 7 horas da noite, por sorte todos tiveram a mesma ideia que eu e se arrumaram no avião, então quando saímos do aeroporto nós encontramos três seguranças dos rapazes que nos esperavam, eles nos levaram direto pro estádio onde ocorreria o primeiro show da turnê On The Road Again.
Quando a Ranger Rover em que estávamos parou na entrada de trás do estádio, eu pude ouvir a baderna na entrada principal, eu imaginei que o estádio estava lotado, pois faltava míseros 30 minutos pro show começar.
O segurança nº1, que estava dirigindo o carro em que Peter, Lenna e eu estávamos, estacionou em uma vaga reservado do estacionamento, ao nosso lado o segurança nº2 estacionou o carro que trazia Greg, Theo e Denise, atrás deles o segurança nº3 trazia Maura, Bob e Gemma. Todos saímos dos carros e nos juntamos, os três seguranças imediatamente anunciaram a nossa chegada por fones de ouvidos ligados a microfones minúsculos.

— Levaremos vocês para os camarotes, o show começa em 20 minutos — anunciou o segurança nº1.
— Pode levar a gente para a frente do palco, por favor? — pedi apontando para Peter e eu.
— Claro, senhorita Payne — concordou o segurança nº3. — Me acompanhem, por favor.

Peter e eu seguimos o segurança nº3, enquanto os seguranças 1 e 2 cuidaram de levar o resto do pessoal para o camarote.
Nós adentramos no interior do estádio, passamos por equipes de seguranças, técnicos de som, de luz, camarins — decidimos falar com os meninos depois do show, então seguimos em frente —, lanchonete improvisada, enfim, as entranhas do Allianz Estádio. Até que o barulho foi ficando mais alto, som de milhares de fãs procurando seus lugares, ou pulando, cantando com um coral de no mínimo cinco mil vozes. Saímos da escuridão dos bastidores direto para as cadeiras da Pista Premium, mas nosso lugar já estava reservado, bem em frente ao palco, entre os meninos e as fãs, somente os seguranças nos separavam dos rapazes, e claro, um palco de três metros de altura.
A primeira impressão que tive das australianas foi que elas eram adoráveis, mas nem um pouco animadas. Algumas meninas que sentaram-se perto do local onde Peter e eu nos acomodamos pediram fotos para mim, eu aceitei sem a menor cerimônia e tirei fotos com elas, mas a medida que o show se aproximava eu não percebia a animação delas aumentando, senti falta das outras cidades que os meninos visitaram.
Esperamos 10 minutos, então as luzes se intensificaram e no telão de LED apareceu a frase: "Shows de Abertura.", eu gritei empolgada, sabendo que teria um combustão com o 1º show de abertura.
McBusted foi o show de abertura, o que eu adorei, pois sou uma grande fã do antigo McFly e eu adorei ver os rapazes cantarem com a sua nova banda. Foram 15 minutos de show, do qual não parei de gritar um segundo e Peter pareceu divertido com isso, ganhei beijos jogados no ar por Dougie e Danny e acenos de Harry e Tom, os únicos que eu conheço do McBusted.
Samantha Jade foi a segunda atração de abertura, ela venceu a versão australiana do The X-Factor de 2012 e ela é uma grande cantora, mas eu não a conhecia até os seus 15 minutos de show de abertura.
Peter estava ao meu lado, ele conhecia várias das músicas do McBusted, mas nenhuma da Samantha — assim como eu —, e quando o vídeo de abertura da 1D começou a rodar, todo o estádio gritou, inclusive eu. Peter ficou me olhando todo sorridente, como se tivesse descoberto um lado meu que ele não imaginava existir, foi até engraçado, mas eu estava muito envolvida com o show para provocá-lo.
Naquele momento eu tinha assumido o meu lado Directioner e, por mais que Peter ficasse intrigado e surpreso, no momento eu era apenas dos meus rapazes e só tinha olhos para o palco, para eles.
A primeira música — Midnight Memories — levou o estádio à loucura, eu tirei fotos de todos os ângulos possíveis, gravei alguns vines, gritei, pulei, cantei junto com os rapazes ao longo da playlist e me diverti à beça.
E, na terceira música — Girl Almighty —, Niall se dedicou a ficar do lado do palco em que estivesse mais perto de Peter e eu, o segurança apontou para ele ir pro outro lado, mas ele ignorou completamente e continuou ali, olhando para mim, cantando, sorrindo, apontando para mim e me fazendo corar de vergonha. Louis logo se juntou a ele e também aumentou o meu martírio, apontando para mim durante seu solo e sorrindo largamente.
Nos versos finais de Girl Almighty, Niall se ajoelhou e olhou diretamente para mim, Peter me empurrou para mais perto do palco e eu tive de encarar Niall, que cantava ajoelhado e todo sorridente: "I'd get down on my knees for you..."¹, eu quase cavei um buraco no chão para esconder a minha cabeça.
Dei graças a Deus quando a música acabou, foi a segunda vez que os meninos cantaram-na ao vivo — a primeira foi no show em Orlando — e a segunda vez que Niall fez esse show particularmente vergonhoso para mim. Segundo ele: Essa é a minha música. E eu culpo Julian Bunnetta por me fazer passar essa vergonha em todo show em que eu vou.
Julian é o criador da música, juntamente com John Ryan e S. Mehner, mas Niall também ajudou na composição da música, porém não colocou seu nome nos créditos.
Voltei para o lado de Peter e lhe dei um beliscão no braço, ele riu e me abraçou e nós curtimos o resto do show assim, abraçados e sorridentes.
Os  meninos se divertiram à beça, estava evidente, eles fizeram gracinhas, riram, cantaram, se abraçaram e tornaram tudo mais divertido, foi fantástico.



Quando o show acabou e eles saíram correndo do palco muitas garotas continuaram chorando e eu me senti como elas, abandonada e já com saudade deles. Então eu tive que cair na real, pois o segurança nº3 voltara para nos levar até os rapazes.
Voltamos para as entranhas do estádio, passamos pela escuridão dos bastidores até enfim chegarmos ao camarim dos rapazes, eles estavam todos estirados nos sofás e no chão, cada um tinha uma garrafinha de água em mãos e o ar-condicionado estava ligado no máximo.
O segurança saiu do camarim e fechou a porta, deixando Peter e eu parados dentro do camarim enorme, onde 5 retardados estavam deitados ofegantes.

— Então, quem será o primeiro a me receber depois de uma longa viagem e um show exaustivo? — gritei chamando a atenção dos rapazes.
— Ava? — gritou Liam.

A cena que se sucedeu foi algo automático, todos se levantaram em um salto e correram em minha direção, Peter teve tempo de se salvar e se afastar de mim, então eu fiquei sozinha espremida no meio de cinco homens tentando me abraçar.

— Gente... Socorro... Preciso de ar — murmurei entre golfadas de ar, consegui me espremer por um brechinha e saí do abraço sufocante. Mas um deles agarrou meu braço antes que eu corresse para longe e puxou-me direto para outro abraço, porém mais aconchegante e arejado que o último. Só então suspirei aliviada, esse par de braços eu conhecia bem.
— Senti saudades — murmurou Niall me apertando forte.
— Eu também senti, Nialler. Foi um show fantástico, parabéns! — murmurei de olhos fechados e sentindo todas as emoções boas possíveis.
— Maninha, eu espero que já tenha me perdoado, senti tanto a sua falta — falou Liam, arrancando-me do aconchego dos braços de Niall para me apertar entre os seus.
— Liam, eu... — preparei-me para insultar-lhe, mas respirei fundo e rendi-me finalmente. — Eu também senti a sua. Você foi incrível esta noite.
— Obrigado. Foi bem mais divertido te ver ali, é ótimo voltar aos palcos, mas melhor ainda é ter você nos assistindo.
— É, foi ótimo, maninho — murmurei me afastando suavemente, ele me deixou sair do abraço.

Peter sentou-se no sofá, que antes estava ocupado pelos rapazes, e sorriu para mim, eu me sentei ao seu lado e ele passou o braço pelos meus ombros, me puxando para mais perto. Os rapazes, por sua vez, voltaram a se acomodar pelo chão e sofás.

— Então, contem-nos rapidinho, antes que o pessoal chegue para nos ver. Vocês estão ou não juntos, afinal? — perguntou Zayn, na sua habitual impaciência e curiosidade.
— Não, nós não estamos juntos — respondi revirando os olhos, Peter riu e assentiu, concordando comigo.
— Mas já moram juntos e tudo. Eu juro que pensei que você estava grávida — falou Louis e meus olhos se arregalaram imediatamente, Peter caiu na gargalhada junto com Liam e Harry.
— Deus do céu, você tem uma imaginação e tanto, em Boo — murmurei incrédula, ele riu.
— Tem mesmo, mas o que interessa é que os dois não estão juntos, e ponto final — falou Niall.

Seguiu-se um silêncio constrangedor à frase de Niall. Olhei de relance para ele e acabei sorrindo, pois ele também estava me olhando de lado, um olhar cúmplice que me fez rir.
Antes que alguém pudesse dizer mais alguma coisa, um segurança abriu a porta do camarim e anunciou a família de Niall, a de Louis, e Gemma e Lenna. Maura e Bob logo receberam um abraço apertado de Niall, que sorria largamente, enquanto Boo recebeu as irmãs Phoebe e Daisy nos braços. Johannah, mãe do Louis, foi a próxima a receber um braço do Boo Bear, assim como Greg foi o próximo a receber um carinhoso abraço de Niall.
Enquanto as famílias se cumprimentavam, Lenna e Gemma sentaram-se ao meu lado e suspiraram longamente ao ver o braço de Peter ao meu redor. Eu revirei meus olhos mais uma vez.

— Então, nós já podemos ir para o hotel? Eu estou morrendo de sono — resmungou Gem para Harry.
— Eu também, em Londres ainda pode ser 11 da manhã, mas aqui na Austrália já é 10 horas da noite e nós fizemos um voo realmente longo — concordou Lenna.
— Tudo bem, nós vamos descansar no hotel e amanhã cedo vamos conhecer a cidade, lembrem-se, vocês terão que ir para o aeroporto à 1 da tarde, o voo sai às 2 — assentiu Harry.
— Ah, só pra avisar, nós estamos dividimos em três hotéis, porque ficaria muito tumultuado se ficássemos todos em um hotel só — explicou Liam.
— E como nós vamos ser divididos? — perguntei levantando-me do sofá, Peter me acompanhou.
— Você e o Peter vão ficar no hotel em que Liam e Niall estão hospedados, junto com Maura e Bob — falou Louis. — Daisy, Phoebe, mamãe, Greg, Denise e Theo, vocês virão para o outro hotel comigo.
— E Lenna e Gemma vem conosco para o nosso hotel — falou Zayn, apontando para si mesmo e Harry.
— Eu vou ficar separada das minhas irmãs? — choraminguei abraçando o braço de Gemma.
— É só por uma noite, amanhã de manhã vocês vão ficar juntas novamente — resmungou Liam.

Liam foi até a porta e conversou com dois seguranças, combinamos que Liam, Niall, Maura, Bob, Peter e eu seríamos os primeiros a sair do estádio, dois seguranças nos aguardavam no estacionamento com dois Ranger Rovers pretos, mas meia dúzia de outros seguranças nos seguiu até lá, aonde nos dividimos novamente para cabermos nos carros. Niall, Maura e Bob foram em um dos carros, enquanto Liam, Peter e eu ocupamos o outro.
No banco traseiro eu me sentei entre os dois rapazes. Liam puxou a ponta da minha saia, de forma que cobrisse metade da minha coxa, e sorriu, retribui o sorriso e dei-lhe um beijo na bochecha.
Depois de longos 15 minutos o segurança estacionou na garagem subterrânea do hotel e disse:

— Geralmente levamos 5 minutos do estádio até aqui — disse e sorriu, ele tinha um sorriso bonito.
— É, eu acho que as fãs dificultaram um pouco — disse Liam.

Saímos do carro e fomos escoltados por dois seguranças diferentes até o elevador e, então, até o 15º andar, onde ficavam nossos quartos. Quando saímos do elevador Liam entregou um cartão-chave para Peter e outro para mim e disse:

— Vocês tem quartos individuais, descansem bastante, porque amanhã cedo nós andaremos muito. 
— Okay, maninho. Boa noite — murmurei e dei-lhe um beijo na bochecha, ele sorriu e retribuiu meu beijo.

Peter e Liam despediram-se com um aperto de mão e Liam entrou em uma das diversas portas do grande corredor, olhei para Peter e para os dois seguranças que postaram-se de guarda na porta de Liam — um deles era Preston, substituto de Paul, que eu abracei e beijei muito — e então decidi procurar o meu quarto, Pete me acompanhou.

— Bom, pelo menos são lado a lado — falou Peter ao descobrir que seriamos vizinhos de quartos.
— É, vou colocar um som bem alto para não te deixar dormir — brinquei, ele sorriu e me deu um beijo demorado na testa.
— Boa noite, querida. Obrigado por isso tudo.
— Eu que agradeço por ter vindo comigo, Pete.

Dei-lhe um último beijo na bochecha e entrei no meu quarto, levei alguns minutos até conseguir tirar as botas, então despi-me e me enfiei embaixo das cobertas quentes e macias da enorme cama de casal.


♫♫♫

Eu pude ouvir o barulho dos pássaros lá fora e a movimentação no corredor, mas estava com preguiça demais para levantar ou simplesmente abrir os olhos, então espreguicei-me e toquei algo quente e grande, o susto foi tão grande que imediatamente abri os olhos e vi um Niall sonolento ao meu lado, ele resmungou alguma coisa e voltou a cochilar.


                                                           
¹- Tradução: "Eu ficaria de joelhos pra você..." 





domingo, 17 de maio de 2015

"Um passo em sua direção e eu já estou afundando nos seus olhos
Somente para ver a verdade escondida atrás dos seus olhos diabólicos
Nenhum luz poderia me conduzir para o seu caminho
É só eu ou estou sozinho? É tudo um mistério..."
— Wanted Is Love (Phillip Phillips)



— Eu não vou voltar pra casa, eu fiquei muito magoada com você, você sabe que eu não gosto de ser expulsa de nenhum lugar, muito menos da minha própria casa! — falei um pouco menos irritada, ele assentiu.
— Eu sei, eu sei, me desculpe, Ava — disse Liam.
— E, mesmo assim, você me jogou na rua, me deixou sem nada e ninguém — gritei empurrando seu peito, batendo nele, que continuou parado, recebendo a minha ira. E lágrimas brotaram nos meus olhos, porque a raiva e a mágoa do dia anterior me voltaram à mente.



— Me desculpa, fiz sem pensar, fiquei com medo de te perder de vez — sussurrou ele, de repente ele segurou meus pulsos e me puxou para seu peito e eu permiti que ele me abraçasse, porque eu estava chorando e estava envergonhada por fazer isso em público, então eu escondi meu rosto em seu peitoral.

Deixei que Liam me abraçasse por dois minutos, então sequei meu rosto sutilmente e me afastei, dei um beijo na bochecha de Niall e voltei para o lado de Peter, ele continuava em alerta, todo tenso e de punhos cerrados, as garotas estavam ao lado dele, igualmente atentas.

— O que vai fazer, Ava? — perguntou Liam.
— Eu vou pra minha casa, vamos Pete? — olhei para Peter e ele assentiu.
— Não é a sua casa, é a casa dele, por que você não volta comigo? — insistiu Liam.
— Porque a minha casa agora é aonde o Peter está — falei severa, só então percebi o duplo sentido da frase.
— Eu acho que isso não dura uma semana — desdenhou Harry, Peter enviou-lhe um olhar mortal, ele rapidamente se calou.
— Vamos, Pete — falei segurando em seu braço e o puxando em direção à trilha de volta.
— Depois eu passo para deixar as entradas, Ava — gritou Niall quando as garotas, Peter e eu nos afastávamos.
— Tudo bem, Nialler, estarei esperando — gritei em resposta e acenei para ele. – Irá me encontrar antes das nove da manhã e depois das cinco da tarde!

Peter segurou minha mão e me guiou pela trilha até acharmos a calçada de novo, mas olhou para trás diversas vezes, acho que para garantir que os rapazes não nos seguiam. Lenna e Gemma iam na frente, conversando como se nada tivesse acontecido.

— Eu não gostei daquele tal Harry — falou Peter quando fizemos o caminho de volta para o nosso apartamento, Gemma fez uma careta de desgosto.
— Ele é muito fiel aos amigos, então é óbvio que estava ao lado do Liam, às vezes ele é um babaca, mas é um cara legal — Gem o defendeu.
— Sim, ele é. Mas é muito esquentadinho, eu garanto que vão se dar bem... Algum dia — murmurei dando de ombros, Lenna riu.
— Eu não entendi muito bem a conversa, mas afinal, vocês estão ou não juntos? — perguntou Lenna.
— Não — respondemos Peter e eu juntos. — Eu já cansei de falar, somos apenas amigos, ele me ajudou quando eu precisei e... — continuei, mas Peter me interrompeu.
— Ela também me ajudou quando eu precisei, graças a isso estamos amarrados — falou Peter, Gemma riu.
— Vocês formam um casal bonito — murmurou Lenna, mordendo o lábio de tanta emoção, eu revirei meus olhos e Gemma riu, já Peter ficou todo vermelho.
— Mas eu acho que um certo loirinho não tem a mesma opinião a respeito — sussurrou Gemma, encarei-a confusa e ela balançou a mão, indicando que eu esquecesse.

As garotas tagarelaram um pouco mais enquanto Peter me guiava pela mão até um restaurante próximo à nossa casa. As garotas nos seguiam bem de pertinho, em parte para podermos ouvi-las falar e em parte para não correrem o risco de se perder de nós no meio dos pedestres a nossa volta.

— Nós vamos almoçar? — perguntei quando paramos em frente as portas de vidro do restaurante.
— É claro, já passa de meio dia — resmungou Gemma, já abrindo as portas e entrando.
— Eu não fazia ideia — murmurei e sorri quando Peter segurou a porta aberta para mim. — Obrigada, Pete.

Escolhemos uma mesa vaga no canto do salão, um garçom logo veio nos receber e entregar os cardápios, levamos cinco minutos para escolher nossos pedidos.
Quando o garçom se retirou novamente Gemma encarou fixamente Peter e esboçou um sorrisinho maquiavélico, Lenna riu e Peter ficou vermelho de vergonha.

— O que foi, Gem? — perguntei divertida.
— Não, nada. É só que... Meu Deus, ele é muito bonito — sussurrou Gem, encarando Peter sonhadoramente, Lenna gargalhou alto e algumas pessoas nos encararam raivosas.
— Não, eu não... Bem, talvez um pouquinho — Peter sorriu constrangido e olhou para baixo.
— Muito bem parem de constranger o Pete, por favor. Vamos falar sobre o show de sábado? — mudei de assunto ao perceber que ele estava realmente sem graça.
— Falei com o Harry e consegui convencê-lo a nos deixar ir na sexta, para dar tempo de conhecermos a cidade antes do show — falou Gem, Lenna balançou a cabeça, aprovando a ideia.
— Então nós vamos amanhã? E voltamos quando? — perguntou Peter, olhando de mim para Gemma e de Gemma para Lenna.
— No domingo, não se preocupe, na segunda estaremos bem descansados para trabalhar — murmurei e lhe dei um beijo na bochecha, ele abriu um sorrisinho fofo.
— Ai, estou vomitando arco-íris com vocês dois — murmurou Len, a voz apenas um gemido de alegria.
— Ah, cala a boca, Lenna — resmunguei impaciente, ela riu.


♫♫♫

O aeroporto estava lotado na sexta de manhã, Peter me guiava por entre a multidão e apertava minha mão com força, acho que com medo de me perder. As garotas marcaram de nos encontrar na sala de embarque, junto com os pais de Niall — Bob e Maura Horan —, o irmão e a família dele — Greg, Denise e Theo.
Todos que vão trabalhar no show, ou ajudar os rapazes, já estão na Austrália, então só restou os parentes e amigos para embarcar na primeira classe do próximo avião das 10 da manhã para a Austrália, eu já até me acostumei com a correria que é ir atrás dos rapazes durante as turnês, mas Peter estava apreensivo e preocupado.
Eu já o havia alertado que seria um voo cansativo, 22 horas de viajem não é uma coisa que deixe qualquer um pulando de alegria, então nós nos preparamos psicologicamente antes de sair de casa, dormimos bastante e separamos algumas coisas para levar durante a viagem.
Sairemos de Londres às 10 da manhã e chegaremos em Sydney às 8 da manhã de sábado — fuso-horário de Londres — o que significa que na Austrália vai ser 7 da noite, nós teremos apenas uma hora para nos arrumar e partir para o Allianz Estádio.
No fim das contas nós nem iremos conhecer a cidade antes do show, como as meninas tanto desejavam, no domingo de manhã é que iremos passear por Sydney, talvez até na companhia dos garotos, se tivermos sorte.
Como Peter e eu levávamos uma mochila nas costas cada um, não tivemos que demorar na fila do chek-in, então logo já estávamos sentados na sala de embarque da primeira classe, ninguém que conhecêssemos havia chegado, então nos sentamos lado a lado em um imenso sofá estofado macio e relaxamos enquanto algumas moças nos enchiam de champanhe, eu sempre adorei a primeira classe por causa do excesso de mimo, mas sempre odiei que isso fosse as custas dos garotos.
Greg e sua esposa foram os primeiros a chegar na sala de embarque faltando 40 minutos para o nosso voo, Theo estava elétrico e muito brincalhão e eu logo o tomei em meus braços e começamos a brincar com Peter, que, para minha surpresa, adorava crianças. Maura e Bob chegaram apressadíssimos, com medo de perder o voo, sendo que ainda faltava 15 minutos para nos chamarem, depois de cumprimentar todos, eles sentaram-se e respiraram aliviados, mas eu já estava apreensiva, com medo das garotas perderem a hora.
Mas, para o meu alívio, elas chegaram segundos antes da aeromoça nos chamar para entrar no avião, essa é uma das vantagens da primeira classe, somos os primeiros a entrar no avião e os primeiros a sair.
As  poltronas não eram separadas em grupo de três, como na classe econômica, mas sim de duas em duas e com divisórias entre elas, eram poltronas que viravam mini camas super confortáveis; também haviam monitores pequenos em frente às poltronas e bandejas para as refeições.
O avião possuía uma primeira classe com 14 lugares, então mais cinco pessoas desconhecidas nos acompanharam para o luxuoso espaço — até o Theo ganhou uma poltrona só para ele.
Peter e eu nos acomodamos em nossas cadeiras, que ficavam atrás das de Lenna e Gemma, e na frente das de Greg e Theo, Denise sentara-se atrás deles junto com uma moça loira muito bonita, Maura e Bob estavam acomodados em frente às meninas.
Quando todas as 14 pessoas se sentaram, duas aeromoças começaram a circular pela cabine entregando a todos um pacote grande, dentro havia um cobertor macio de 400 fios de algodão egípcio — o que me surpreendeu —, travesseiro de penas de ganso e fones de ouvido para conectar à televisão pequenina, sem citar as outras bugigangas caras que acompanhavam o kit. 
Peter esticou-se e colocou o cinto de segurança, então sorriu para mim, ele já parecia mais relaxado. Também prendi meu cinto de segurança e tentei prestar atenção na aeromoça, que fazia demonstrações de ações em caso de urgência. Em um dos lados da cabine havia um mini bar muito bonito e chique, fiquei tentada a ir pedir um whiske, mas me contive, pois já havia bebido muito champanhe na sala de espera, e ainda não passava das 10 e meia da manhã.
O capitão fez o anuncio pelos auto-falantes que estávamos decolando com destino à Sydney, Austrália, e meu estômago flutuou quando o avião se lançou nos ares, a janela ao meu lado estava aberta e Peter e eu ficamos vendo a cidade sumir ao longe.
Quando tomamos altitude suficiente as eficientes aeromoças começaram a trabalhar no café da manhã, na verdade era apenas o lanche da manhã, mas pela quantidade de coisa parecia mesmo um típico desjejum britânico. Para Peter e eu, a bela aeromoça ofereceu de tudo, desde pães, café, leite, iogurtes e smothies, à frutas, cereais, sucos de frutas e chá. Mas nós aceitamos apenas o chá preto e uma fruta cada, pois havíamos tomado café da manhã em casa.

— Sabe, primeira classe é o máximo, estou impressionado — murmurou Peter quando a aeromoça foi embora.
— Sim, é. Na maioria das vezes eu prefiro viajar na econômica, mas quando são os rapazes que compram as passagens eu acabo ficando na primeira classe — falei enquanto bebericava meu chá.
— Jura? Prefere viajar em uma lata de sardinha? — Ironizou ele divertido, eu ri e balancei a cabeça.
— Não, prefiro a primeira classe, claro. Mas não gosto de abusar deles, sabe... É complicado — expliquei.
— Eu sei, entendi — falou ele compreensivo e eu deitei minha cabeça em seu ombro.

Nós decidimos assistir a um filme e optamos por Vestida Para Casar, uma comédia romântica com Katherine Heigl e James Marsden.
Quando o filme chegou ao fim as aeromoças estavam distribuindo cardápios para os passageiros, o que significa que já estava na hora do almoço.
Depois de fazerem os pedidos, Lenna e Gemma se ajoelharam nas próprias poltronas e nos encararam divertidas.

— Eu aconselho a costeleta de cordeiro ao molho de hortelã — disse Len.
— Acho que vou ficar com o cordeiro, então — disse Peter, lendo de novo o cardápio.
— O molho de hortelã me chamou a atenção — murmurei pensativa.
— Eles vão querer as costeletas — disse Gemma à aeromoça. — Regada a vinho, por favor — acrescentou e a aeromoça assentiu sorridente.
— O vinho dá um gostinho mais saboroso — Len murmurou.
— Bebidas? — perguntou a aeromoça.
— Duas taças de vinho? — Peter perguntou arqueando uma sobrancelha para mim, eu assenti.
— Então, Maura está jurando de pé junto que Peter é o seu novo namorado — disse Gemma casualmente quando a aeromoça foi embora.
— E está bem decepcionada por Niall ter ficado para escanteio — acrescentou Lenna, toda sorridente.
— Meu Deus, não viajem. Niall nunca ficará para escanteio! — murmurei impaciente.
— Não é no quesito 'amizade' que estamos falando — cantarolou Gemma, me provocando ao máximo ao fazer aspas com os dedos.
— Tem certeza que você e esse Niall não têm nada? — perguntou Peter, encarando-me atento. — Porque eu vi a forma como ele te olhou lá no parque ontem.
— Todo mundo vê a forma como ele olha para ela! — Lenna quase gritou. — Ela é a única cega.
— Não sou cega, apenas sei que entre Niall e eu só rola amizade, parem de ficar procurando chifre na cabeça de piolho — resmunguei brincando com meu cardigan, sem conseguir encarar nenhum deles.
— Lá vem ela com esses provérbios estranhos — reclamou Gemma, Lenna gargalhou alto e um dos passageiros idosos nos enviou um olhar carrancudo.
— Piolho tem chifre? — Peter perguntou confuso.
— Não, e é exatamente por isso. Parem de procurar coisa onde não tem — falei exasperada, todos assentiram de forma pensativa, como se finalmente tivessem entendido o sentido da minha frase.
— Eu só acho que você deveria dar uma chance a ele, ou pelo menos abrir um pouquinho os seus olhos, uma hora ele vai cansar de te olhar de forma tão apaixonada... — aconselhou Lenna, com um ar sábio. — E vai encontrar outra que retribua esse olhar.
— Cala a boca, Lenna. Você não é filosofa e nem é cientista que estuda a vida humana, cala a boca — resmunguei irritada, ela mordeu o lábio para não rir.
— É só a minha humilde opinião — murmurou ela e, para o meu alívio, as aeromoças trouxeram o almoço das meninas e elas voltaram a sentar-se.
— Então, não quer mais falar sobre isso? — Peter perguntou cauteloso.
— Não, por favor.
— Mas eu gostaria de ouvir sobre você e esse cara — murmurou Peter com uma vozinha doce e muito fofa, olhei para ele e acabei não resistindo, ele estava fazendo um biquinho super fofo.
— Tudo bem, mas é uma longa história — murmurei, ele assentiu.

A aeromoça nos serviu antes que eu pudesse começar a contar a história, então eu dei um longo gole em minha taça de vinho e remexi no meu cordeiro enquanto começava a falar.

— Liam, o meu irmão, entrou pela segunda vez para o X-Factor 4 anos atrás, depois de ser recusado como cantor solo ele foi escalado para formar uma boyband com mais 4 caras: Zayn, Niall, Harry e Louis. Conheci a Gemma através dos rapazes, ela é irmã do Harry — contei, ele sorriu e assentiu. 
— Ah, legal! Mas e o Niall? Conta como se conheceram — pediu Peter.
— Essa é uma história muito boa — gritou Gemma, da poltrona da frente, eu ri e continuei a história.
— Conheci Niall no camarim dos rapazes, todos ficavam amontoados em uma sala enorme e, quando fui procurar Liam, eu o encontrei por acaso. Ele era o único rapaz do meio de outros 25 que estava cantando ao invés de se arrumando, ele cantava com tanta paixão que suas bochechas ficavam rosadas, quase vermelhas — murmurei lembrando-me da cena e sentindo um sentimento bom me invadir, ouvi Lenna suspirar lá na frente.
— Depois diz que não está apaixonada por ele — sussurrou Len para Gemma, revirei meus olhos e ignorei o comentário.
— E ele dedilhava o violão como ninguém, os rapazes dançavam enquanto ele cantava e pareciam não se importar por ter alguma coisa para distraí-los do nervosismo, eu também não me importei, nem um pouco, tanto que fiquei parada no meio da sala olhando e ouvindo-o cantar, era uma música linda do Michael Bublé, chama-se Everything — murmurei lembrando dos acordes e da doce voz dele em minha mente.
— E até hoje ele canta essa música para ela — acrescentou Gemma.
— É tão fofo — murmurou Lenna.
— Continue — instigou Peter.
— E eu fiquei lá, feito uma boba, olhando para o rapaz que cantava a plenos pulmões, até que Liam me encontrou e parou na minha frente, tampando minha visão do rapaz. Eu fiquei furiosa, tentei tirá-lo da frente, mas ele me agarrou e começou a me provocar, acho que ele pensava que eu estava brincando. — Suspirei exasperada e Peter riu. — Ele logo percebeu que eu não estava prestando a mínima atenção nele e sim olhando em volta freneticamente, a procura do cantor, então ele decidiu me apresentar aos colegas de banda. E foi como eu conheci os quatro, incluindo Niall, acho que fiquei encarando ele por uns cinco minutos, até me dar conta que Liam estava me chamando a atenção.
— Você tem que ouvir a versão do Niall, é mais fofa ainda — disse Gemma.
— É, ele diz que viu Ava entrar na sala e ficou encantado, ele diz que começou a cantar Everything para ela, você precisa ver o quanto os olhos dele brilham quando ele relata essa história — falou Lenna.
— Encham a boca de comida, suas cachorras — resmunguei impaciente, elas riram, até mesmo Peter riu.
— E foi isso, depois desse dia nós nunca mais nos separamos, somos grandes amigos — murmurei para finalizar a história, Peter arqueou uma sobrancelha, duvidando.
— Só grandes amigos? Pelo que me contou eu percebi que você é apaixonada por ele, e ele por você — falou Peter, eu bebi um longo gole de vinho e esvaziei minha taça.






Por: Milinha Malik. Tecnologia do Blogger.

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